É o caminho da terra, né? Veio que veio, veio lá do céu e encostô no lugar onde eles rezam, e começo a tremê, aquele caminho trema, tremia e tremia.
Mais no meio daquela tribo que tava rezando tinha uma muié i um hômi qui era abusante. (Que) num crê muito, né? Aí eles rezando, rezando, mas por causa daqueles dois abusante, o caminho subiu trá veiz, sumiu no céu. Sabe qui eles zeram?
Daí as muié tava dançando lá com taquá (takuá), Nhanderu com mbaraká, aí virô contra um o outro, quebrava mbaraká na cabeça do outro, as moça brigando entre as moça, rapaziada brigando entre as rapaziada, , (eles) sentia que o caminho sumia outra vez sumiu no céu outra vez. Se não eles ia embora (eles teriam ido embora para o céu). (Mas) por causa daqueles dois abusante, num desceu no chão pra levar eles…ah…tem muita história, muita história, muita história, muito triste (Ob: a anciã chora).
Quando eles tão pedindo a Nhandejara pra abrir o caminho assim, eles jejua, né? Comida assim (comida comum, comida de “branco”) num come. (O que eles comem) é canjica, mel do mato com água muito fria ainda. Assim que eles comia. É, lá é terra…como é que se fala…lá, Yvy Mburana, terra que encantô pro índio ca, diz que existe mesmo isso aí. Mais os índio tá lá, né?”
(Fala autorizada de Vó Almerinda (Xamoí) na Casa de Reza de Araí Werá, em Santa Amélia-PR, respondendo à pergunta da pesquisadora Sinclair Pozza Casemiro sobre o Caminho de Tape Aviru-Caminho de Peabiru e a Terra Sem Mal. Fevereiro de 2007.)